Amar e ser amado são as maiores
necessidades do ser humano. Uma vida sem amor é comparada a uma bela flor
trancafiada num quarto escuro, em pouco tempo perecerá por falta do sol. A
necessidade de amar nos faz dependentes uns dos outros e nos mostra que a solidão
é o prêmio dos covardes, dos que temem a dor e se privam de experimentar o
amor.
Somos carentes de dar e receber
amor, mas não podemos obrigar as pessoas a nos amarem. Amor é doação; ninguém
pode se sentir obrigado a dá-lo ao outro. O sentimento livre constrói pontes e
nos leva ao encontro das pessoas.
Mendigamos amor quando deixamos
de ser quem somos para agradar quem exige que nos tornemos a pessoa que ele
quer que sejamos. O verdadeiro amor reside no respeito à individualidade do
outro. Se é verdadeiro, sabe respeitar a individualidade. Sempre que abandonamos
nossa casa interior para habitar a casa do outro, estamos, de certa forma,
mendigando amor, deixando de ser aquilo que realmente somos.
Imploramos por afeto quando
traímos nossos ideais para abraçar os sonhos frustrados de alguém. É como a
jovem com futuro promissor que desiste de estudar para viver uma aventura
desnaturada com um homem que diz amá-la. Quem desiste de sonhar com coisas
reais para viver um conto de fadas certamente está também implorando amor.
Nós nos humilhamos por amor
quando deixamos de lado as pessoas que nos são especiais para correr atrás de
um amor desfigurado; belo por fora, mas pobre por dentro. Há muitos que deixam
suas casas e partem em busca das caricaturas de amor que o mundo oferece.
Confundem prazer com amor, com felicidade. Geralmente, abandonamos quem nos ama
de verdade para ir atrás de quem nos vê como objetos.
Mendigamos amor quando reservamos
todo nosso tempo para a pessoa que dizemos amar. Quem deixa de cuidar de si
para cuidar de alguém mostra que, na verdade, está precisando mesmo é de
cuidados. Desconfie das pessoas que só vivem para ajudar. Atos de caridade
são excelentes, mas primeiro precisamos cuidar da nossa casa, para só depois
ajudarmos o outro a arrumar a dele também. Mendigar amor é ter tempo de sobra
para o outro e não ter tempo para si.
Quando caímos no desespero por
termos sido abandonados por alguém que dizia nos amar, estamos mendigando amor.
Não é fácil perder as pessoas que amamos, mas é preciso enfrentar a dor sem
fingir que ela não existe. Demoramos para aceitar nossas perdas e, por isso,
sofremos além da conta. Ficar preso a quem quer que seja é o sinal mais visível
de que ainda somos pequenos aprendizes.
Ninguém merece viver uma vida de
miséria. O amor que nos espera é repleto de realização, por isso merece ser
encarado de forma madura, consciente e despojado de posses. Comumente, vemos
pessoas dizendo amar, mas ainda vivem presas ao ser amado. Não sabem fazer nada
senão em virtude do outro. Aprendi com a vida que amar é bom, mas para o amor
ser verdade é preciso, antes, avaliar se o que sinto por alguém é amor ou
desejo de posse. Se a resposta for a segunda, preciso admitir que tenho muito a
aprender.
Paulo Franklin
Fonte: Destrave - Canção Nova

Nenhum comentário:
Postar um comentário