O que muitos cristãos não sabem é que um muçulmano
fiel não tem nada a ver com guerra santa. Jihad para ele significa “esforço”,
“luta” “empenho de vida”. A guerra era um último recurso, e só para se
defender. Se vencessem, seriam generosos com os inimigos. Uma das hadith
(tradições) afirmava que Maomé, ao voltar de uma batalha que vencera, disse que
agora começava a maior de todas: reformar a sociedade e o próprio coração.
No livro de Karen Armstrong “Em Defesa de Deus”, se
lê à pagina 111, que quando Meca voluntariamente abriu as portas para não
entrar em guerra, ninguém foi obrigado a adotar o islamismo e Maomé não tentou
instaurar ali um Estado exclusivamente islâmico.
Diz ainda Karen Armstrong, historiando o islamismo,
que nos primeiros cem anos posteriores à morte do Profeta, desencorajava-se a
conversão ao islamismo, que era religião de árabes, descendentes de Ismael, o
primogênito de Abraão, uma vez que os judeus são filhos de Isaac e o
cristianismo é a dos seguidores de Jesus.
Mais tarde, muçulmanos de outras convicções
desobedeceram a Maomé e praticaram a violência que Maomé não ensinou.
O que não se ensina é que, entre os judeus, havia
conceitos de partilha e de renda mínima ou mínimo necessário; traduziam o
judaísmo melhor do que qualquer outro preceito. Sobre eles discorre de maneira
claríssima o excelente Jacques Attali no seu livro Os Judeus, O Dinheiro e o
Mundo.
O que muitos católicos não sabem é que quando um
evangélico sincero se diz vencedor em Cristo não pensa em derrotar os outros e,
sim, em vencer o pecado e a si mesmo. Mais tarde é que, movidos pelo marketing
e pelo proselitismo desenfreado, alguns neo-evangélicos começaram a falar em
vitória sobre as outras igrejas.
O que muitos evangélicos não sabem é que os católicos
são orientados por sua doutrina e por seus documentos oficiais a respeitar
outras religiões e a ver luz e graça de Deus em outros grupos cristãos. Não
temos o direito de declarar que alguém vai para o inferno ou está nas trevas. O
católico que faz isso andou lendo textos da Idade Média, mas nossa igreja
evoluiu no diálogo ecumênico.
Jesus nem sempre é obedecido por católicos e
evangélicos mais aguerridos que teimam em esquecer como ele tratou pessoas de
outra fé e como dialogou, deixou falar, elogiou e acolheu.
Às vezes, 20 deles conseguem criar mal estar entre
nações, ao praticar seu ato insano em nome de Deus. O ódio religioso atravessa
séculos. E, se não tivermos a coragem de nos aproximarmos, levaremos milênios
até descobrir que é o mesmo sol que brilha sobre catedrais, matrizes, mesquitas
e sinagogas.
Repitamos para não esquecer: o problema não é da luz,
nem é do céu: é de nossas janelas e portas trancadas e das cortinas e persianas
que teimamos em cerrar para orarmos, só nós e só do nosso jeito ao Pai de
todos, mas cujo colo ciosamente afirmamos ser é só nosso; coisa de criança
mimada e manhosa!
Se não crescermos, murcharemos!
Padre Zezinho, SCJ

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